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Channel: Personalidades – Go'Where Luxo

Comida de chef no Eataly

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Apesar de seu físico mignon, a chef Ligia Karazawa revela uma gigante estatura profissional no andar mais alto do mercado Eataly – onde fica o Brace, restaurante italiano que tem na grelha o elemento fundamental de sua cozinha.

Por: Mariana Santos

Depois de se formar em Administração e Hotelaria no Brasil, numa época em que não havia cursos especializados em Gastronomia, a jovem audaciosa que queria “comer o mundo” traçou seu futuro com um roteiro que começou na Escola Hoffman-Arnadi de Hotelaria, na Espanha. Uma paixão que se iniciou na infância, quando os pais preparavam em casa receitas elaboradas e testavam ingredientes, despertando na menina o gosto pelas experiências gastronômicas. “Eu gostava de me meter e ajudar. Me lembro de cozinhar já com oito, nove anos”, conta Ligia, hoje com 38 anos. A ousadia de suas raízes italianas e a disciplina da descendência japonesa a levaram longe, e o jogo de cintura de sua inegável brasilidade ajudou-a a lidar com os percalços e improvisar quando uma receita ou um objetivo não saía como havia planejado. Ligia Karazawa nunca fez corpo mole e construiu sua carreira pedindo oportunidades em restaurantes como o anti go Laurent e o Fasano – e quando foi para a Europa não foi diferente. “Adolescente meti da, eu pegava o Guia Michelin, escolhia os melhores restaurantes e mandava currículo”, relembra Ligia. Passou por restaurantes estreladíssimos, como El Bulli e Mugaritz, na Espanha. Morou em Paris, Ibiza, Astúrias e Barcelona. Começou “na pia”, foi ajudante de cozinha e voltou ao Brasil depois de 13 anos, como chef do então recém-inaugurado Clos de Tapas (hoje apenas Clos). Em 2014, aceitou o convite do Eataly para criar o projeto do Brace, onde pratica a culinária do fogo.

GW: De onde vem a paixão pela gastronomia?
LK: Eu sempre brinco dizendo que meus pais são donos de restaurante frustrados. Meu pai é filho de japoneses, minha mãe italiana e ambos gostam muito de cozinhar. No fim de semana, chamavam os amigos, recebiam muita gente, se organizavam para preparar as coisas. Se eles tivessem feito negócio da paixão pela cozinha poderiam ter ganho muito dinheiro. Gostavam de arriscar, fazer testes.

GW: Lembra do primeiro prato que você cozinhou?
LK: Eu adorava fazer pratos com ovo. A introdução na  cozinha começa geralmente pela confeitaria. Meus pais, arquitetos, eram minhas cobaias. Minha irmã, às vezes, levava os amigos para estudar em casa e eu fazia o lanche da tarde para eles.

GW: Cozinhar por prazer é diferente da profissão?
LK: Sim. Uma coisa é gostar de cozinhar. Outra coisa é gostar de trabalhar em cozinha. Quando é um hobby, você cozinha sem pressão, escolhe o dia, o que vai cozinhar, às vezes a empregada lava. Agora, cozinhar sete dias por semana, almoço e jantar, com a pressão e os horários, fazer mise en place, não é fácil. Na Europa, por exemplo, os horários são insanos.

GW: E, para a mulher, é um trabalho ainda mais desafiador?
LK: Quando faço entrevistas com meninas, deixo claro: tem realmente que gostar, porque para nós, fisicamente, é muito puxado. A gente trabalha em pé, pega peso, corre para cima e para baixo. Não dá para ter frescura. Eu não tenho e não admito que ninguém na minha cozinha tenha. Se precisar lavar prato, vamos lavar, se a pessoa que varre o chão não veio, todo mundo vai varrer o chão. Todo mundo que está aqui comigo é muito mão na massa.  E mentalmente é puxado para todo mundo.

GW: E você, tão miúda, pega pesado na cozinha?
LK: Eu tenho fama de ser pequenininha e brava. A cozinha é um lugar onde me sinto muito bem. Quando tenho algo para fazer no computador, fico num cantinho da cozinha, onde me sinto em casa. É um momento para criar, interagir e ganhar o respeito das pessoas na cozinha. O chef precisa mostrar que ele está junto, em todos os momentos, principalmente quando está puxado.

GW: No Brace, o foco é o grelhado, apesar de ser uma churrascaria…O que é o Brace?
LK: Brace significa brasa. Aqui a maioria dos ingredientes, em algum momento, passa pela grelha ou tem um toque defumado. Como somos um restaurante com a liberdade de ter um cardápio completo, com pratos por tempo determinado, como o bacalhau, eu defino o conceito do Brace como uma cozinha de mercado. Escolhemos os melhores produtos, criamos um prato para uma ocasião especial.

GW: A cozinha do Brace tem influência da sua “porção” familiar?
LK: Às vezes eu brinco que vir para o Brace foi um resgate da infância, porque eu ainda peço dicas para minha mãe. O pai dela é da região de Nápolis, a mãe da Sicilia. Ela tem receitas ótimas e livros super antigos de receitas.

GW: E da culinária japonesa algo a influencia?
LK: Bem pouco. Meu lado japonês se mostra mais no caráter, na rigidez, organização… eu sou meio CDF. Mas abracei a cozinha italiana e coloco um toque ou outro de ingredientes brasileiros. O Brasil tem ingredientes ótimos, não há sentido em não colocar um queijo brasileiro só porque a culinária é italiana. Nós fazemos uma fusão.


Serviço:
Brace Bar e Griglia – Avenida JK, 1489 – Tel.: 3279 3323 – bracebaregriglia.com.br

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Conto de fadas fashion

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Aos 11 anos ela ganhou uma máquina de costura, aos 19 decidiu que sua vida seria, realmente, no mundo da moda. Hoje, aos 33 anos, a brasileira Layana Aguillar comemora o sucesso da sua marca durante a New York Fashion Week e o convite da Disney para criar o vestido de uma de suas princesas.

Por: Cibele Carbone

A estilista mineira Layana Aguillar é uma das brasileiras que mais tem chamado atenção na cena fashion internacional. Mas, acredite, a estilista chegou a cogitar de não seguir carreira na moda. “Desde pequena, gostava de me vestir para chamar atenção. Eu sempre tentava mudar as minhas peças de roupa. Por um tempo, fiquei muito perigosa… (risos). Cortava não só as minhas roupas, mas também as da minha mãe e irmã. Quando fiz 11 anos ganhei uma máquina de costura e fazia as roupinhas das minhas bonecas. Mas, como morava em uma cidade pequena, não pensava em seguir carreira em moda”, relata Layana. A história mudou completamente há 14 anos, quando se mudou para os Estados Unidos com a família. “Descobri o mundo da moda e finalmente encontrei meu destino profissional”, diz a brasileira, que conquistou Nova York após participar do reality show Project Runway, com o badalado Tim Gun, e foi convidada pela Disney para criar o vestido da primeira princesa latina da marca.

GW: Você cursou o FIT, em Nova York, e estagiou em grandes marcas como Marchesa e Oscar de la Renta. Conta como foram essas experiências… Você deve ter aprendido muito.
LA: Na Marchesa estagiei por seis meses e no Oscar de la Renta por dois anos. Tinha 23 anos e aprendi muito! Além de ajudar a desenhar, também auxiliava na costura e modelagem. Aprendi muito sobre tecidos finos e o real significado da alta-costura. Foi lá que também aprendi que o primeiro passo para o sucesso de uma marca é identificar aquilo que faz você ser único, a sua identidade.

GW: Por que decidiu lançar sua própria marca? Não teve medo de ser apenas mais uma nesse mercado tão competitivo?
LA: Desde o primeiro momento que encontrei o mundo da moda, sabia que teria a minha própria marca. Sempre tive dentro de mim a ambição de ser uma empresária criativa! Por isso, nunca deixei que o medo de ter algo realmente-muito competitivo e difícil de conseguir me fizesse desistir. Ainda tenho muito para alcançar, mas, hoje, depois de tan-tas conquistas em pouco tempo, sei que estou no caminho certo.

GW: E aí, depois de abrir sua grife, você entra no Project Runway… Como foi parar lá?
LA: Meu melhor amigo me convenceu a participar do show. Ele disse que seria ótimo para expor minha marca logo no começo. E ele estava certo! Entrei no Project Runway, “and the rest is history”.

GW: Quais as principais dificuldades que encarou durante o programa?
LA: Foi uma experiência intensa e única! Somente quem viveu essa aventura pode entender. O Project Runway é um show visto no mundo inteiro. Fazer parte dele foi uma oportunidade incrível em que muitas portas se abriram para o sucesso da minha marca. A maior dificuldade é o fato de perder total controle da nossa vida durante aquele período, que parece eterno! Mas, por outro lado, essa experiência me fez aprender muita coisa sobre mim mesma. Hoje reconheço que na carreira de designer de moda, além do talento, o mais im-portante é saber trabalhar sob pressão, estar preparado para críticas negativas e acreditar no seu produto. No fi m, o que importa mesmo não é somente ganhar, o mais importante é apresentar um bom trabalho. Quando decidi participar do show, estabeleci uma meta que, com muito trabalho, está sendo cumprida a cada dia.

GW: O Project era apresentado pela Heidi Klum e pelo Tim Gun. Como era seu relacionamento com eles?
LA: Com a Heidi Klum não tive contato nenhum. A relação dos jurados com os participantes é realmente só na hora do “gravando”. Mas o Tim é superfofo! Depois de tanta pressão psicológica, ele vinha como uma brisa quando chegava no workroom. Depois do show, pude manter um relacionamento mais próximo com ele, descobrimos que éramos vizinhos. E, como admirador do meu trabalho, ele sempre me recomenda para vários projetos que ajudam muito na minha carreira, como o da Disney!

GW: Você conseguiu um feito que a maioria dos estilistas do mundo sonha, que é participar da New York Fashion Week.
LA: Meu primeiro desfile no New York Fashion Week foi com o Project Runway, em fevereiro de 2013. Depois disso, pude fazer apresentações com a minha marca sozinha e, nesse último fashion week, decidi fazer um desfile maior.

GW: Você já desenhou vestidos para personalidades como Ema Watson e Penélope Cruz. Criou os vestidos sozinha ou elas participaram do processo?
LA: A oportunidade de vestir a Ema Watson e Penélope Cruz aconteceu quando estava trabalhando para Oscar de La Renta. No começo do processo de criação, o Oscar me disse que tipo de vestidos elas gostavam, mas as duas só viram o vestido quando foram provar pela primeira vez.

GW: A Disney escolheu você para criar o vestido da princesa latina, a Elena de Avalor. Quais foram suas referências?
LA: Quando recebi a ligação do produtor do desenho e ele me contou sobre a princesa Elena, imediatamente sabia que a cor tinha que ser vermelha. Depois decidi fazer algo diferente e criar uma estampa bem colorida para o vestido. Com o propósito de injetar algo único da minha infância na estampa do vestido, comecei a lembrar de quando tinha nove anos e adorava ficar vendo minha vovó bordando. Ela sempre bordava flores que pareciam com a arte “Mandala”, cujo significado é perfeito para descrever a história da Princesa Elena e um pouco da minha também: mandalas significam “círculo” em Sunskrit. Essa arte representa a busca de propósito e realização pessoal.

GW: O seu nome é muito conhecido no exterior, mas no Brasil são poucas as pessoas que conhecem você. Não pensa em expandir sua marca por aqui também?
LA: Como a marca nasceu em Nova York, atualmente esta-mos mais focados no mercado norte-americano. Mas se a oportunidade certa surgir, quero muito trazer a marca para o Brasil um dia, afinal sou brasileira!

GW: E para finalizar: onde você se imagina em cinco anos?
LA: Com mais projetos com a Disney e outras empresas que admiro. Com a minha própria loja em New York, Paris e Brasil. Com o meu projeto de “empoderamento feminino”, conhecido mundialmente e em vários canais de TV. Com mais tempo de viajar com minha família.

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Prefeito 24h

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Um regime de trabalho impressionante, que se inicia às primeiras horas do dia e se encerra na madrugada seguinte – e não tem refresco nem nos fins de semana. Três horas de sono por noite. O jornalista João Doria está decidido a ser o melhor e prefeito que São Paulo já teve – e a fazer da cidade um polo de investimentos estrangeiros que a transformarão numa metrópole moderna e mundialmente atraente. Ele recebeu GoWhere Business às 10 da noite, na sede da Prefeitura, como se seu dia estivesse se iniciando naquele momento.

Por: Celso Arnaldo Araujo

GW: Você poderia descrever resumidamente um dia típico do prefeito João Doria?
JD: Durmo pouco – e não recomendo que as pessoas façam isso. Sempre dormi muito pouco, agora um pouco menos. Três a quatro horas por noite. Inclusive sábados e domingos, porque não temos dias de folga. Todo dia é dia de trabalho. Eu amo o que faço, faço com paixão e não tomo nenhum tipo de remédio, a não ser meu complexo vitamínico. Levanto por volta das 6 horas. Faço exercícios – exatos 12 minutos. É pouco, mas é constante. Fim de semana, 50 minutos. Saio de casa por volta de 7h15 e, normalmente, venho direto para a prefeitura. Independentemente dos compromissos externos, nunca saio daqui antes de meia noite e meia. Como, aqui mesmo, uma saladinha à noite – como já fazia no meu escritório. O que mudou em relação à vida privada é o fato de eu agora trabalhar também aos sábados e domingos.

GW: E os filhos, como é que ficam?
JD: Sofrem, tanto quanto minha esposa Bia. É claro que meus filhos, Johnny, Felipe e Carolina, gostariam de conviver com o pai. Eu tenho esse déficit familiar ampliado pelos próximos quatro anos – meu ritmo não vai mudar, não há hipótese. Entendo que estou no limite – e até meus amigos médicos me condenam por eu dormir tão pouco. E eles têm razão. Mas estou aqui para cumprir a demanda e fazer o necessário para que a cidade possa se recuperar e comandar a transformação de São Paulo.

GW: Você se diz um gestor – e um gestor administra empresas. Mas São Paulo, com 12 milhões de habitantes, e uma lista de problemas, é muito mais que um país. Por onde o gestor começa?
JD: Planejamento, estruturação, definição de prazos, boa equipe e cumprimento de tarefas. Nosso trabalho é coletivo. Tenho a força de comando e a capacidade de liderar – mas preciso de um bom time, e esse bom time está fazendo uma boa prefeitura, com índices de aprovação que representam a melhor avaliação que um prefeito já teve nos seus primeiros cem dias, na história das pesquisas.

GW: É difícil trabalhar com você?
JD: Eu diria que não é fácil. Primeiro porque trabalho muito.  Segundo, porque sou muito exigente. Gosto das coisas bem feitas. Da perfeição. Eficiência. Prazos cumpridos.

GW: Chega ao nível da obsessão?
JD: Ao nível da determinação: fazer o melhor possível, dentro do menor tempo possível.

GW: Você diria que seu maior feito, nos seus primeiros 100 dias de governo, foi o Corujão da Saúde, que zerou a fila dos exames médicos em São Paulo?
JD: Na saúde, foi. O Corujão zerou o déficit de 486 mil exames e passamos a administrar a relação cotidiana, que está sob controle: exames mais urgentes em até 30 dias, menos urgentes em até 60 dias. Agora, vem o Corujão da Cirurgia – com uma fila de 67 mil pessoas. Nossa intenção é zerá-la num período de oito meses. É mais complexo fazer cirurgia do que exame e, numa primeira etapa, vamos utilizar os hospitais públicos, estaduais e municipais.

GW: Uma das pedras de toque de sua gestão é fazer parcerias com empresas, que doam produtos para serem distribuídos aos cidadãos nos programas da prefeitura. A pergunta que não quer calar: o que elas querem em troca?
JD: Cidadania – para uma empresa-cidadã. É o que podemos oferecer a essas empresas que já ganharam muito dinheiro em São Paulo, que é o maior mercado de consumo para praticamente todas as empresas às quais solicitamos apoio solidário. É hora de devolver um pouco para a cidade e ajudá-la a se recuperar – para voltar a ser um polo de consumo de produtos e serviços.

GW: Das doações que você recebeu até hoje, qual a mais significativa?
JD: A que vamos anunciar na semana que vem na área de tecnologia e educação. Em junho completaremos 650 milhões de reais em doações. São 200 milhões de dólares – já superando o que o prefeito de Nova York, Michael Bloomberg, recebeu em 12 anos de mandato.

GW: Você convoca os empresários para virem à prefeitura?
JD: Todo dia. Até hoje não recebi nenhum não. Pode haver ponderações, mas negativas ainda não. Acabamos de entregar à Guarda Civil Metropolitana 10 novas motos Honda. Outras 40 para a CET. Aliás, instituímos semana passada o Drone Pol – a primeira polícia da América Latina a fazer controle com drones, doados por fabricantes chineses.

GW: Você já foi ao Oriente Médio duas vezes, bem como à Coreia e à Europa, em busca de investidores. O que São Paulo tem para vender aos investidores?
JD: É uma megametrópole global, com 12 milhões de habitantes em seu núcleo urbano, 20 milhões na região metropolitana. É o maior polo de consumo da América Latina, terceira maior capital do mundo; a maior população nordestina, sulista e nortista está aqui, a maior população de estrangeiros está aqui, a maior cidade japonesa fora do Japão, a maior cidade italiana fora da Itália e portuguesa fora de Portugal.

GW: Mas o que mais atrairia um investidor estrangeiro?
JD: Mercado de consumo com enorme potencialidade de crescimento. Construção civil, por exemplo. São Paulo ainda está num estágio muito pequeno, comparada a outras grandes ca-pitais do mundo – ainda não teve a ousadia de erguer edifícios maiores para abrigar complexos de skylines que façam jus à dimensão da cidade.

GW: Uma estimativa de investimentos na cidade em seus quatro anos?
JD: Só nos programas de privatização, nossa expectativa é de 7 bilhões de reais. No mínimo. Interlagos e Anhembi serão os leilões mais robustos. Mas o Bilhete Único também será privatizado – e representará um ingresso substancial. São oito milhões de usuários. Qualquer coisa multiplicada por oito milhões é uma fortuna.

GW: Falando em fortuna, você é um homem rico?
JD: Sou. Fruto de meus 45 anos de trabalho.

GW: Um selfmade m`an típico?
JD: Do meu pai herdei o que ele pôde oferecer de melhor, a mim e a meus irmãos: caráter e dignidade. O resto foi trabalho, trabalho, trabalho.

GW: Essa fortuna vai permitir que você abra mão de seu salário pagar suas próprias despesas como prefeito?
JD: Sim, serão 52 salários ao longo de quatro anos, doados mês a mês a entidades do terceiro setor. Posso fazer e estou fazendo. Minha inspiração para isso foi Michael Bloomberg, que abriu mão de seu salário quando prefeito de Nova York. Carro, uso o meu – com motorista da prefeitura, por razões de segurança. Viagens internacionais, pago do meu bolso. Em trajetos mais curtos, vou com meu avião, com tudo pago por mim. Em viagens mais longas, pago minha passagem, não peço diária e não uso cartão corporativo oficial nem verba de representação.

GW: Você pode assegurar que em seus quatro anos não haverá nenhum caso de corrupção na prefeitura?
JD: Espero que não. Para isso, montei um time de gente honesta e decente. E temos uma boa procuradoria, que tem a responsabilidade de zelar pela transparência do dinheiro público na prefeitura. Tenho convicção de que essa zeladoria de honestidade será sempre preservada. Se alguém cometer alguma regularidade, será punido.

GW: Não adianta eu te perguntar se será candidato a presidente em 2018 que você vai dizer que não. Mas, para não perder o hábito: você será candidato a presidente?
JD: O que digo sempre é que não faço gestão para ser candidato, mas para ser prefeito eficiente. É a melhor contribuição que eu posso dar à democracia brasileira.

GW: Mas você tem consciência de que o prefeito João Doria, com apenas 120 dias de governo, é uma avis rara na política brasileira – praticamente o único sem denúncias…
JD: Agradeço essa deferência, mas insisto: fui eleito para ser prefeito, ser eficiente e transformador. Esse é meu foco integral.

GW: Uma crítica minha como paulistano: não vi ainda nenhum programa específico para o centro da cidade, onde está encravada a Prefeitura de São Paulo. Para chegar até aqui, passamos por uma área assustadora…
JD: Vai mudar. A revitalização urbana do centro de São Paulo será conduzida pelo maior arquiteto urbanista do país, Jaime Lerner – anuncio isto em primeira mão. O peso e a credibilidade de Lerner vão ajudar no processo de recuperação de todo o centro da cidade. E vamos incrementar os programas para a população em situação de rua – como o Espaço Vida, o Trabalho Novo, etc. Gradual e rapidamente vamos acolher essas pessoas em espaços onde serão preparadas e treinadas para trabalhar.

GW: E a cracolândia, uma área que envergonha a cidade?
JD: Para a região, temos um projeto chamado Redenção, que será colocado em prática brevemente, para acolher os psicodependentes de crack e prender os traficantes em seu shopping center de drogas a céu aberto. (Nota: no dia 21 de maio, uma operação conjunta das polícias Civil e Militar e de agentes de políticas sociais da Prefeitura e do Governo do Estado, prendeu traficantes e desalojou dependentes. “A cracolândia acabou”, anunciou o prefeito Doria)

GW: É verdade que você leva uma garrafa pet de guaraná quente para servir aos que falam bobagens nas reuniões com secretários? É fato ou meme?
JD: Fato. As reuniões têm que ter bom humor. Além de oferecer vitaminas, sempre trago um mimo, uma brincadeira, para os secretários. Há a eleição do Secretário do mês, que ganha um bom relógio…

GW: Um Patek Philippe?
JD: Um bom relógio, para lembrar sempre que há prazos para cumprir e horário para chegar. Uma simbologia. E quem fala bobagem deve tomar um guaranazinho quente para se lembrar de que, nessas horas, é melhor ficar de boca calada. Todos dão muita risada.

GW: Você reconheceu que ter pintado de cinza os grafites da Avenida 23 de Maio foi um erro…
JD: Erramos na forma da comunicação com os grafiteiros, não na decisão. Os muros da 23 que estavam mutilados por pichadores, inclusive os grafites, foram inutilizados completamente. Há outros preservados. E no lugar do cinza vem o verde. Teremos ali o maior corretor verde da América Latina, quem sabe do mundo. Na hora em que ficar pronto, vai ser uma beleza. Cem por cento com doações.

GW: Se você não concorrer ao governo do estado ou à Presidência em 2018 e cumprir integralmente seu mandato de prefeito até 2020, você só poderá concorrer de novo em 2022. Nesses dois anos, você voltaria para suas empresas?
JD: Meu único foco neste momento é ser prefeito na cidade de São Paulo, ser inovador, transformador, ser correto, honesto e um representante da esperança. Espero que uma gestão diferenciada, como a que estamos fazendo em São Paulo, leve as pessoas a compreender que é possível fazer algo melhor pelo Brasil, algo mais inovador, que encha as pessoas de orgulho. Espero, ao término de meu mandato, poder olhar nos olhos de meus filhos e de minha esposa e dizer: valeu a pena.

GW: Como empresário, você era mais diplomático. Agora, diz tudo à queima-roupa, sem papas na língua – como quando respondeu a Lula mostrando sua carteira de trabalho. Prefeito tem que ser assim?
JD: Minhas respostas não são agressivas, mas definitivas. Quando se tem a responsabilidade de comandar a maior cidade do País, é preciso ser altivo. Mas não perco a educação, nem a diplomacia.

GW: O Brasil tem futuro, depois do Temergate?
JD: Prefiro falar do futuro do Brasil. O Brasil não acabou, nem vai acabar. Se há um especialista em crises, é o Brasil. Povo resiliente, estruturas sólidas, o Brasil superará esta crise e caminhará para o crescimento econômico e social.

GW: Cortar impostos, nem pensar….
JD: Nem aumentar. Mas nossas despesas estão sendo estritamente controladas. Aliás, é hora de desligar o ar-condicionado (o prefeito aponta o controle remoto para o aparelho na parede e corta ar na sala anexa a seu gabinete, onde estamos). Aliás, temos um “guardião da economia” para cada secretaria. Ele cuida da economia de combustível, luz, água, xerox, telefones, preservação de mobiliário. Só a economia de automóvel, ao longo de 12 meses, está estimada em 100 milhões de reais. Cortamos 30%de cargos comissionados.

GW: Você não trouxe os seus para o lugar deles?
JD: Não. Não tenho séquito. Tenho equipe – e sem filiação partidária. Aqui a palavra é eficiência – não partido ou ideologia.

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O âncora que lava a jato

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Às vésperas dos 65 anos, depois de 35 anos publicando furos em suas colunas de jornal, Ricardo Eugênio Boechat está no auge de sua premiada carreira – agora como âncora da Band, em dois turnos. Seu comentário de 10 minutos na Band News FM às 7 e meia da manhã tornou-se um must em todo o Brasil – por sua língua afiada, articuladíssima e impiedosa contra políticos rasteiros. À noite, como âncora do Jornal da Band, ele é necessariamente mais contido – mas às vezes não resiste e solta a voz de improviso. Como aqui, nesta entrevista exclusiva do mais famoso âncora do País.

Por: Celso Arnaldo Araujo

GW: Por 35 anos, você foi jornalista de bastidor. Hoje, poucos âncoras no Brasil têm sua visibilidade e seu prestígio. Como se sente com essa fama?
RB: Talvez por fruto do envelhecimento e de minha vivência, não necessariamente de sabedoria ou de conhecimento, eu tenho muito menos dificuldade hoje de entender os fatos do dia a dia, e comentá-los, do que tinha para garimpar 20 notas exclusivas de bastidor. O efeito público é o reconhecimento na rua – as pessoas querem falar contigo.

GW: Como lida com os chatos, os petistas mortadela, etc?
RB: Sem problemas. Todos querem conversar – alguns com questionamentos mais veementes, mas numa boa. O chato é parte de um universo que me sustenta. Para me achar um idiota, ele tem que me ouvir. Não o trato como um inimigo.

GW: Descreva um dia típico na vida de Ricardo Boechat.
RB: Acordo às 6 horas, com a ajuda do relógio biológico do tempo da Globo, onde eu fazia o Bom dia Brasil, ainda mais cedo. Saio de casa meia hora depois, passo na banca e pego quatro jornais: Folha, Estado, O Globo e o Extra, do Rio. Chego na Band por volta das 6 e meia e vou me sentar nos jardins do pátio para dar aquela diagonal nos jornais que a gente aprende a fazer depois de 50 anos – e me fixo naquilo que vai me ocupar na rádio.

GW: Quer dizer que, ao chegar à Band, você ainda não tem seu comentário na cabeça?
RB: Não só não tenho quando chego como muitas vezes ainda não tenho quando toca a vinheta de minha entrada no ar. Procuro me fixar no panorama dessa leitura dinâmica dos jornais, ao qual somo o noticiário da véspera. Nessa planície descortinada à minha frente, procuro destacar o ângulo que ainda não foi abordado – através de perguntas, mais do que uma explicação. Não me coloco com a preocupação de ser analista de conclusões. Me motiva mais colocar perguntas para as quais não tenho respostas.

GW: Esses 10 minutos de Ricardo Boechat, às 7 e meia da manhã, são o pico de seu dia?
RB: Considerando o veículo, é o pico da emissora – e, portanto, meu. E em termos de “discurso”, também: é uma divagação de 10 a 12 minutos que vai brotando ao longo de minha conversa com o ouvinte/espectador.

GW: Com exceção de Dilma, que não tem a menor noção do que vai falar ou acabou de falar, todos temos um mecanismo que nos permite perceber uma gafe ou uma impropriedade no que acabamos de falar em público. Você também tem esses momentos?
RB: Claro. E quando é explícito, eu me retrato. Costumo dizer que não conheço outra língua que se coloque na guilhotina com tanta frequência quanto a minha… Prefiro deixar perguntas no ar do que oferecer respostas que serão necessariamente as minhas.

GW: Mas uma palavra mais forte, um “vagabundo”, um “ladrão”, não lhe traz problemas com a direção?
RB: Como toda redação, este também é um ambiente dialético em que tudo é discutido. É da natureza do que fazemos.

GW: Voltando à sua agenda. Sai da Band que horas no turno da manhã?
RB: Saio da rádio por volta de 11 horas e passo em casa para pegar o almoço que levarei para minha filha na escola. Volto para casa, almoço com minha mulher e fico lá até as 15 horas, quando minha mulher vai pegar as meninas na escola. Volto então para a Band para fechar o jornal da noite. Quando acaba o jornal, fazemos um bate-papo de avaliação na sala do (Fernando) Mitre, depois uma conversa que o editor executivo conduz com a equipe de editores, para uma avaliação pontual das matérias. Vou para casa e ainda pego as meninas se preparando para dormir. Durmo invariavelmente depois da meia noite. Para às 6 da manhã começar tudo de novo.

GW: Tem feito palestras?
RB: Palestras propriamente, não, pelo entendimento de que não domino a área academicamente, didaticamente. Não é meu perfil. Mas faço muito evento – debates, mesas-redondas, talk shows, no período entre 11 horas e 4 da tarde.

GW: Às vésperas dos 65 anos, você se considera no auge de sua carreira?
RB: Considero, a despeito de ter tido a sorte de conquistar muitos prêmios na mídia impressa, com uma famosa coluna em O Globo, e muito sucesso no Bom dia Brasil, acho que estou vivendo, neste ocaso na carreira, o momento de melhor gratificação pessoal – inclusive do ponto de vista salarial.

GW: Pensa em se aposentar?
RB: Penso em “desinserirme” um pouco. Minha geração passou boa parte da vida com a utopia do “quero uma casa no campo”. E, com o passar do tempo, percebemos que o campo acabou e nosso saco para casa no campo também. Comprei um sítio nessa ilusão há 30 e tantos anos. Não para realizar essa utopia, mas porque gostaria de desplugar e ficar um pouco à toa.

GW: Embora o Jornal da Band seja estritamente noticioso, seus comentários ácidos a uma notícia mais polêmica sempre causam impacto. É você que decide quando interromper o noticiário para opinar?
RB: Eu não me envolvo na produção do jornal – apenas no fechamento. Participo da confecção e do tom das manchetes das principais matérias da edição. Em determinada notícia, na hora me dá o estalo, me coloco no papel de quem está assistindo em casa. E reajo com meus neurônios e meus sensores. Acham que eu sou mais cerceado na TV do que no rádio. Ora, seria caricato que a mesma empresa, o mesmo patrão, exigisse ver-melho de manhã e azul à noite. Não há interferência. O maior problema é o tempo: em TV, um estouro de 10 segundos é um desastre. O jornal hoje é paginado em função de meus eventuais improvisos – de forma a ter opções de descarte.

GW: Vivemos um momento excepcional com a Operação Lava-Jato – em que um juiz interroga um ex-presidente da República na TV sobre um imóvel que ele diz que nunca teve. Onde vai parar isso?
RB: Nessa denúncia, há duas coisas – e aliás brinco que consigo irritar os dois lados da divisão histérica em que o país se en-contra. Irrito os petistas ou assemelhados quando digo que, na minha percepção pessoal, o Lula é o comandante de um grande esquema de corrupção que prevaleceu em seu período no poder. É impossível que tanto tenha sido feito sem que ele soubesse, permitisse, tolerasse e se envolvesse. Não tenho dúvida sobre quem é o Lula do ponto de vista ético e moral. Esses políticos desqualificam a política. Por outro lado, a despeito dessa con-vicção, a impressão que tenho até agora é que não há elementos probatórios, batom na cueca, flagrantes, que peguem o Lula. Na minha intuição, ele até agora só poderá ser condenado por um entendimento subjetivo do juiz baseado num conjunto de coisas. É diferente do que há contra Eduardo Cunha, Sergio Cabral e os diretores da Petrobras. Quando faço essa ponderação, o pau come também. Mas devoto tanto apoio pessoal à Lava–Jato, como cidadão, que digo que ela é o maior patrimônio da sociedade brasileira contemporânea. Nada no Brasil teve tanto potencial de mudar a cara do país, a forma de se fazer política e de governar. Por isso, ela não tem margem de erro – como a condução coercitiva do Lula e o Power Point do Dallagnol.

GW: Que manchete você gostaria de dar no Jornal da Band para se sentir mais feliz?
RB: Sinto uma angústia de ver meu Rio do jeito que está. E é um sentimento que eu projeto um pouco para o Brasil – a contradição entre o potencial e a realidade. Meu pai faleceu em 1979 sem ver fim da ditadura que ele combateu tanto. Acho que será meu caso. Eu queria ver o país serenado, tendo resolvido coisas básicas e essenciais – como nosso gigantesco fosso social. E minha angústia aumenta porque qual-quer pacto para a solução desses problemas básicos vai levar 20 anos. Por isso, minha manchete seria: “PQP, não vou ver”.

GW: Em 2014, você teve um surto depressivo quando ia começar o programa. Como foi o day after dessa crise?
RB: Aquilo veio não sei de onde e me nocauteou a poucos minutos de entrar no ar na rádio. Refugiei-me no camarim da Band, chorando convulsivamente e sem noção do que es-tava acontecendo. Se inferno existe, fiquei lá por 15 dias. E descobri que a depressão, fenômeno que muitos, inclusive eu até então, encaram como questão menor, quase como frescura, é um mal terrível. É a morte em vida. Dei sorte, porque meu caso, embora agudo, não foi dos mais graves. A crise foi cedendo aos remédios – e tomei aquelas bombas por um ano – à terapia psiquiátrica e ao apoio de minha doce Veruska. Foi f… A depressão é a doença que mais cresce no mundo – e muitas de suas vítimas pioram em silêncio, temendo o estigma. O sol ajuda muito na cura –e essa não é apenas uma figura poética.

GW: Essa delação da JBS, que faz a Odebrecht parecer um conto da carochinha, quer dizer o quê?
RB: Dizem que números não mentem. Onde se abriga a escória da sociedade brasileira? A comunidade considerada mais violenta do Rio de Janeiro é o Morro do Chapadão, na Zona Norte carioca. Ali, os traficantes exercem domínio territorial absoluto, impondo regras ao comércio, cobrando taxas, determinando toques de recolher e controlando com mão de ferro o ir e vir na área – mesmo o da PM. Ainda assim, esse poder absoluto é exercido, segundo a polícia, por um contingente com não mais de 100 criminosos – ou “apenas” 0.33% da população de 30 mil almas com endereço no local. Uma ninharia, diante das escalas vistas no Congresso, nos ministérios, no Planalto de hoje e de outrora e nos palácios estaduais. Enfim, responda aí: “Onde se abriga a escória da sociedade brasileira?”.

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O show de Augusto Nunes

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Paulista de Taquaritinga, ele é um dos monstros sagrados, ainda em plena atividade, do jornalismo brasileiro – com um currículo impressionante: dirigiu a redação dos jornais Estado de S. Paulo, Jornal do Brasil e Zero Hora (Porto Alegre), das revistas Veja, Época e Forbes e conquistou nada menos que quatro Prêmios Esso, o Oscar do jornalismo no País. Hoje âncora do programa Roda Viva, na TV Cultura, e titular de uma coluna política com milhares de acessos em Veja.com, Augusto Nunes agora brilha em outro cenário – o Morning Show, atração das 10 horas da manhã da rádio Jovem Pan, onde desde dezembro seus abalizados comentários fazem contraponto à vibe quase pop do programa comandado por Edgar Piccoli. Tem sido um sucesso. E com Augusto, o Morning fica ainda mais aceso.

Por: Celso Arnaldo Araujo 

GW: Já fez rádio antes?
AN: Fiz incidentalmente, no Rio Grande do Sul, quando eu trabalhava no Grupo RBS e participava com comentários dos programas da Rádio Gaúcha – começando com um bem cedo, de um minuto, após o qual voltava a dormir, pois eu ficava o dia inteiro no Zero Hora. Mas fiquei apaixonado pelo alcance do rádio, sobretudo no Rio Grande do Sul. Dois senadores gaúchos, Lavoisier Martins e Ana Amélia, vêm do rádio. Fiz esses comentários durante alguns meses – e fiquei impressionado com a repercussão. Gosto do rádio sobretudo porque sou filho do rádio, da geração do rádio. Sou pré-televisão. Acompanhei a Copa de 58 pelo rádio. Eu tinha 8 ou 9 anos, morava em Taquaritinga e resolvei tomar sorvete um pouco antes do começo da final com a Suécia – a família toda em casa, reunida em torno do rádio. Não havia ninguém na rua. E descobri no primeiro grito de gol que a cidade inteira estava com o rádio ligado e de janela aberta. A sorveteria ficava a sete quadras de casa. Na ida e na volta, fui ouvindo o jogo inteiro pelo rádio. Impressionante a força do rádio. Meu pai, que foi prefeito de Taquaritinga e não tinha uma formação intelectual refinada, foi um dos maiores oradores que conheci. Não lia jornais, só ouvia rádio – sobretudo discursos de Getúlio, Lacerda, etc. O rádio é parte de minha vida. Sempre fui fascinado pelo rádio.

GW: Você é do tempo em que as pessoas iam ao estádio de futebol com o rádio no ouvido…
AN: Sempre. A TV chegou a Taquaritinga em 1962. Eu tinha 13 anos. Minha formação é o rádio.

GW: Mas as pessoas hoje não andam com um rádio no bolso – só o do celular. De que forma, o rádio ainda mobiliza tantas pessoas?
AN: Aqui em São Paulo, por causa do trânsito terrível – que mudou hábitos e costumes da cidade e resgatou o poder mobilizador do rádio, com o paulistano redescobrindo o jornalismo radiofônico. Já no Sul, não há craques locais na TV – o William Bonner e o William Waack, da Globo Rio, por exemplo, são as estrelas. Já o rádio tem uma envergadura local. Ainda é mágico.

GW: Como tem sido a repercussão de sua participação no Morning Show nesses primeiros meses?
AN: Impressionante. Estava fazendo um trabalho semanal em Cuiabá. No aeroporto eu era frequentemente reconhecido como “o cara do Roda Viva” e “do site da Veja”. Agora, é “te ouvi no Morning Show”. O alcance da Jovem Pan é tremendo – ainda mais agora que o rádio está se transformando numa mini-estação de TV. A Jovem Pan tende a ser uma rádio-TV. E beneficiada pelo fato de ser a primeira emissora a perceber que São Paulo é um reduto político de oposição ao PT. Esses comentaristas “de oposição” éramos e somos amaldiçoados pela mídia petista, composta pelos sites sujos – que, no fundo, não têm a menor importância. E os paulistas, que nunca elegeram um governador do PT, não tinham uma rádio que os ouvisse ou falasse em nome deles Estabeleceu-se uma empatia e agora a Jovem Pan pode se manifestar em qualquer direção porque entrou por uma linha gauche – quem faz oposição com todos os trunfos para fazer um jornalismo independente.

GW: Você se sente parte da “direita esclarecida”?
AN: Me sinto absolutamente livre para dizer o que eu quiser. Sou um democrata radical. Acho ridículo o fanatismo e nunca me incomodei com quem pensa diferente de mim. Fanatismo é com o PT. Minha oposição ao governo do PT é mais moral do que política. A Dilma não merece meu respeito intelectual – é uma despreparada. E o Lula é uma besta. Nunca foi à escola, nunca teve uma aula de geografia. Não aprendeu se o Brasil faz ou não fronteira com a Bolívia. Não entende nada de História e diz que quer pacificar o Oriente Médio. Quero que todos os corruptos vão para a cadeia. E não tenho nada a ver com o PSDB. Eu bati mais no PT porque estava no poder e roubou como ninguém. Nunca votei no Temer – era vice do PT, que o reelegeu. Gosto de sua equipe econômica. Se Temer morresse ou fosse preso e houvesse outra eleição, nem o PT mudaria essa equipe. É boa e tem um projeto.

GW: A possibilidade de Lula e Bolsonaro disputarem o segundo turno das eleições de 2018 o assusta?
AN: Acho que não há a menor possibilidade. Bolsonaro é muito tosco e o Lula tem tanta chance de ser presidente de novo como o Frei Beto de ser papa. O que está para vir na Lava-Jato é devastador.

GW: O Morning Show é um programa de entretenimento, feito por e talvez para pessoas bem mais jovens do que você. Como se sente nesse ambiente?
AN: Muito bem, pelo seguinte: nunca saí do ambiente de redação – e sempre com gente bem mais nova, o que me faz bem, porque gosto de saber o que está acontecendo. Eu tenho todo o direito de envelhecer com minhas preferências, mas tenho o dever de conhecer tudo. Sempre procurei ser contemporâneo de minha época. Nunca entrei naquela do “no meu tempo”. Recebo as novidades como quem recebe a chegada das estações. E gosto de quase tudo. Fundei um bloco de Carnaval em Taquaritinga em 2010 chamado Jardineira da Tarde. Faço uma coluna na internet há nove anos. O mercado nunca foi tão bom para quem sabe resumir a situação em frases. E isso eu sei fazer. E falando a verdade: ladrão é ladrão. Imbecil é imbecil.

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Tempero na Mochila

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Pedro Benoliel é uma dessas pessoas de quem é difícil não gostar. A espontaneidade, o desembaraço e o sorriso largo o levaram para além dos limites da gastronomia tradicional: no Canal Food Network (TV por assinatura), onde apresenta o programa Tempero na Mochila, o chef de cozinha viaja em busca de boas aventuras – e comidas. E mostra-se um autêntico desbravador de raízes alimentares.

Por: Mariana Santos

Ele gosta de desafios, é apaixonado por comida oriental e já sofreu na pele os dissabores da alta gastronomia. Aos 30 anos, o chef carioca Pedro Benoliel mistura a experiência adquirida trabalhando com chefs consagrados – Checho Gonzales (Zazá Bistrô) e Roland Villard (Le Pré Catelan), no Rio de Janeiro, Alain Ducasse (Les Jules Verne) e Yves Camdeborde (Le Comptoir du Relais), em Paris, além da desenvoltura de anos no buffet da família e a espontaneidade diante câmeras. Uma receita deliciosa que já conquistou sete milhões de espectadores. No programa Tempero na Mochila, que acaba de chegar à segunda temporada no canal Food Network, Pedro viaja levando sua cozinha itinerante à casa de moradores locais e revela o que há de mais interessante no turismo gastronômico e cultural de cada região. O litoral paulista foi a primeira parada da série, que agora apresenta novos episódios gravados em 11 cidades do sul do país. Sua estreia no Canal Food foi com o Cozinha na Laje, produção em que Pedro e convidados redescobrem a comida popular e a cultura de botequim, em uma laje no Morro do Vidigal. Ele se diverte relembrando da surpresa que teve ao se dar conta de que iria para a TV. “No primeiro dia de gravação, me perguntaram: ‘Preparado para a televisão? E eu respondi: ‘Como assim? Eu achei que ia virar youtuber. Mas como eu já estava lá, falei: ‘vambora!’”. É com esse espírito aventureiro que Pedro tempera histórias e traduz a essência de seus anfitriões, a partir do dia 22 de junho, às 20h30.

GW: É verdade que você aprendeu a cozinhar no Exército de Israel?
PB: Eu sou judeu. E, aos 18 anos, por não saber o que estudar depois do colégio, fui morar em Israel. A minha família tem buffet e eu sempre vivenciei essa rotina de cozinha. E lá em Israel eu precisava trabalhar. O meu primeiro emprego foi como cortador de carne em uma churrascaria brasileira. Passava nas mesas cortando carne no prato das pessoas. Eu ganhava um dinheiro bacana, mas queria trabalhar na cozinha. Comecei a fazer metade do período no salão e a outra metade na cozinha e me envolvi mais. Posteriormente, fui para o exército, mas lá não trabalhei na cozinha.

GW: O que você traz de mais valioso dessa experiência?
PB: As referências de sabor, de contrastes de cultura. Por ter nascido em Belém de uma família judaica com origem no Marrocos, tenho uma mistura na cabeça, desde moleque. Na minha casa tinha cuscuçú – um cozido marroquino com especiarias feito por minha avó, que levava doze horas para ficar pronto. Em Israel eu comia as comidas típicas e, como lá tem muitos imigrantes, as culturas se misturavam. Talvez esteja no meu inconsciente toda essa biblioteca de sabores. Sou fã de comida oriental. Obviamente existem ingredientes que eu nunca vou conseguir usar, porque o paladar do brasileiro não está adaptado. E eu não vou conseguir encontrar os temperos e o maquinário, então tento traduzir essa influência nos pratos e adaptar as influências à nossa realidade. E isso eu faço quando ofereço um serviço de buffet ou quando organizo um evento (o chef organiza open food e open bar Brasa BBQ, no Rio de Janeiro).

GW: Você se incomoda com essa fama de “chef gato”?
PB: Eu me incomodaria se eu fosse feio. Acho que isso começou por causa de uma matéria que o Alvaro Leme fez comigo há uns dois anos, quando comecei a mostrar o trabalho no Food Network. Não me incomoda porque eu sou muito seguro de quem sou, do que tenho para apresentar e do meu potencial. Me incomodaria se eu tivesse um poço de insegurança atrás de mim e pensasse “poxa, o cara só me chama de chef gato”. Obviamente que a piada dos meus amigos é “lá vem o chef gato!”, mas está tudo certo. Eu levo na boa. E abre portas também, não fecha.

GW: No Tempero na Mochila, você não explora apenas o universo gastronômico, mas busca personagens e boas histórias. Como descobriu esse talento de repórter?
PB: É a primeira vez que me chamam de repórter (risos). O Tempero na Mochila tem uma pegada de desbravar, sem um formato engessado, pode mudar dependendo do local para onde eu for. Na primeira temporada, teve muito esporte, muita conexão com o mar, o ambiente do litoral paulista proporcionou muitas atividades que posso ter no Rio, mas não faziam parte da minha rotina. Então fui atrás disso. Fui descobrir o que esse local tinha para proporcionar. O Sul (cenário da nova temporada do programa) é um lugar de paisagens lindas, histórias da colonização alemã, japonesa, italiana. E tem ainda a arte de cada um, as histórias das pessoas e suas famílias, o que acaba enriquecendo muito o programa. Como eu vou contar a história de uma comida se eu não souber de onde ela veio? No programa, o principal não sou eu, é a comida. Não me acho repórter, me considero um “desenrolador”: chego lá, conheço a pessoa e tento desenrolar a história da vida dela.

GW: Você se considera um especialista em alguma cozinha?
PB: Especialista em serviço. A minha especialidade é a operação, sou muito bom em entregar uma comida com qualidade, saborosa e fresca. Acho que 99% das vezes eu consigo atingir esse objetivo.

GW: De onde vem a sua predileção por comida mais simples?
PB: Fui criado numa cozinha de alta gastronomia. Leva um tempo para que a alta gastronomia faça parte dos seus modos, das suas ações, você sofre para absorver isso. Sofre pressão com o chefe, de entrega, padrão, custo, receita. Já vi chefs se suicidarem por ter perdido uma estrela do Guia Michelin. Eu respeito todas as gastronomias: a comfort, a natural, a alta, a “baixa”, e cada vez mais a gastronomia brasileira vem se desenvolvendo e se estruturando em nichos. A comida de boteco toma uma proporção gigantesca, por exemplo. O Alex Atala, o Troisgros… são momentos. Nos últimos dez anos, a gastronomia no Brasil está vivendo um momento muito bacana de crescimento do mercado. Agora nós temos mais artesãos da gastronomia. Tem um cara para pensar em como harmonizar 15, 18 pratos. Eu tiro o meu chapéu. Mas não é a minha. Gosto de comida simples.

GW: Você tem vontade de abrir um restaurante ou já está trabalhando demais?
PB: Tenho, mas acho que não é o momento. Com essa crise que o país está enfrentando, acredito que é hora de cada um ficar no seu quadrado. Tenho muita vontade de abrir um restaurante com uma pegada oriental, fusion, algo que remeta à culinária judaica, mas moderno, contemporâneo. Não esperem de mim um restaurante agora. Esperem mais Tempero na Mochila.


Tempero na Mochila
Todas as quintas-feiras, às 20h30 No canal Food Network
www.foodnetwork.com.br

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Os 90 anos do arquiteto ícone Hugo di Pace

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Ele chegou ao Brasil em 1948. E em mais de 60 anos de arquitetura foi fiel a um estilo: o estilo Ugo di Pace – único e inconfundível. Colunas etruscas podem se fundir a móveis barrocos para comporo estilo Ugo di Pace – único e inconfundível. Colunas etruscas podem se fundir a móveis barrocos para comporo ambiente das mansões que projeta e desenha nos mínimos detalhes. O resultado, invariável, é luxo e bom gosto – evidentemente, para poucos. Aos 90 anos, di Pace continua mantendo, em pessoa, o estilo de suas obras: elegante, chique, sofisticado. E ainda criando e redesenhando a vida: ao retomar um enorme imóvel na Alameda Gabriel Monteiro da Silva, no qual fora um dos pioneiros da fase “rua do design”, transformou-o em nova supergaleria, que abrigará sua própria coleção, riquíssima, e mostras temporárias de outros artistas.
Ali, falou a Go Where.

Por: Celso Arnaldo Araujo

GW: 90 anos em primeiro de junho, hein?
UP: Sou de gêmeos. O que você é? Touro. Mas não sou ligado em signo. Vou dizer uma coisa pra você. O maior gênio da humanidade, que foi Leonardo, entre outras coisas foi astrólogo também. Ele achava que os astros têm influência sobre os humanos. Se você compra uma revistinha com o horóscopo dos meses, em linhas gerais você se reconhece. Dia sim, dia não, eu tinha, sentado na minha frente, um cliente que eu nunca tinha visto na vida, e a primeira coisa que eu perguntava era: que signo você é? Isso para eu regular o que eu deveria falar com o cliente.

GW: Seu andar firme, sua cabeça a mil… Você se sente um jovem de 90 anos?
UP: Realmente não tenho do que me queixar. A genética é importante. Meu irmão Vitorio, que morava em Nápoles, faleceu com 106 anos. Arquiteto, ainda trabalhava em pé. Sabe por que morreu? Pegamos um projeto em Dubai e ele contraiu uma pneumonia no avião.

GW: Alguns dizem que o fim ideal é ser morto por um marido ciumento aos 106 anos… (gargalhadas). Falando sério, a chegada dos 90 não traz um pensamento mais sombrio sobre a possibilidade de um fim?
UP: Sim, mas no melhor sentido. Feitos 90 anos, eu me perguntei: quanto tempo eu ainda tenho? Um ano, três, cinco? Seja quanto for, decidi que agora em diante vou me divertir. Por isso, para começar, peguei de volta este estúdio, para onde trouxe itens de minha importantíssima coleção pessoal – que tem coisas de Roma até arte contemporânea.

GW: Quanto valeria sua coleção a preços de mercado hoje?
UP: Não vale nada (risos). Mas a peça mais importante, na minha opinião e na do curador da coleção, Luiz Marques, que foi curador-chefe do Masp, é esta escultura pequena (mostra num livro sobre a coleção Pace), de 40 centímetros, que pode vir a ser do Bernini (Gian Lorenzo, escultor italiano do século 17). Se for, e estou em negociação há mais de 10 anos com o Museu do Vaticano, valeria uns três milhões de dólares, desde que documentada toda a trajetória da obra desde sua criação. Comprei-a há 30 anos. O trunfo do colecionador está na compra – e sobretudo na informação. Existe “um” Portinari e “o” Portinari. Eu sempre procurei “o”.

GW: Continua a fazer projetos?
UP: Estou parando. Terminando dois ou três. E pronto.

GW: Só nos Jardins há quantas mansões com a assinatura de Ugo di Pace?
UP: Quase toda rua da região tem uma casa minha. Tenho mais de 1200 obras feitas, aqui e fora. E escritórios em São Pau-lo, Miami, Nova York e Nápoles.

GW: Como era sua relação com Pietro Maria Bardi, o lendário fundador e diretor do Masp?
UP: A gente se conheceu em 1946, em Roma. Em 1947, Bardi veio para o Brasil com Lina e eu cheguei em 1948.

GW: É verdade que você veio primeiro para o Rio porque disseram que lá tinha muita mulher bonita?
UP: (Risos). Eu era muito amigo de um famoso playboy pau-lista, Rudy Crespi, que frequentava Nápoles e Capri, onde minha família tinha casas. Falava muito do Rio e ali me apresentou a uma pessoa extraordinária – a cantora lírica Gabriela Besanzone, que fora casada com o industrial Henrique Lage e morava na casa mais bonita do Brasil, no Parque Lage, onde eram dadas as maiores festas do país. Passei uns meses maravilhosos no Rio. Meu pai tinha me dado dinheiro para ficar alguns meses, mas em um mês e meio já tinha gastado tudo. Comprei um Studbacker e ia ao Copacabana Palace. Com um Studbaker e 20 anos, você não sabe a mulherada…

GW: Voltando ao Pietro Maria Bardi, como foi a relação com ele?
UP: O período mais importante de minha vida no Brasil passei com Pietro, meu irmão. Ele morreu com 100 anos. Amigos até o fim. Primeiro fomos sócios na Arte Hispânica, uma loja na Avenida Ipiranga – que foi o antiquário mais im-portante do Brasil. Depois, fizemos o Studio A, em Roma. Naquela época, o grupo Simonsen era o império brasileiro – mais rico que os Matarazzo. E o Wallinho Simonsen, dono da Panair, foi nosso sócio – além de eu projetar todas as suas casas. Para se ter uma ideia, inauguramos o Studio com uma retrospectiva de Renoir, cedida pelo Wildenstein, maior marchand do mundo. Fizemos depois Modigliani e Picasso. Durante três anos, toda a mídia italiana falava desses “brasileiros” loucos. O Wallinho era um playboy e tinha um castelo maravilhoso, a 20 quilômetros de Londres. No hotel Dorchester, então o mais luxuoso da Inglaterra, tinha um andar inteiro. Em Paris, um andar inteiro no Plaza Athenée. Em Roma, um andar no Excelsior. Na porta, uma frota de Rolls-Royces e Bentleys para atender os amigos.

GW: Uma época de sua vida – São Paulo, anos 80 – foi de muito embalo de sábados e sextas à noite…
UP: Sim, a era Gallery. Foi o mais incrível período da história de São Pau-lo. Dez anos inacreditáveis. Um dia, meu filho Luis Carlos, o Gugu, o Giancarlo Bolla, o José Victor Oliva e o José Pascovich vieram falar comigo. Queriam montar uma boate. O Gugu me pediu um empréstimo. O pai do José Victor também deu. Projetei e nasceu o Gallery, um mito. Para se ter uma ideia, Io-landa, a mulher do ex-presidente Costa e Silva, ligava de Brasília para reservar mesa.

GW: No tempo da Manchete, levamos o Lula para jantar lá e o título da matéria foi “A classe operária vai ao paraíso”…
UP: Isso mesmo (risos). Barbudão…Por conta dos empréstimos não pagos, acabei entrando como sócio na casa. Foi uma época única na noite paulistana.

GW: Você ainda se dá com a turma do Gallery?
UP: Maravilhosamente bem. O Victor é muito reconhecido a mim porque o levei várias vezes à Itália, sobretudo para fazer roupas com meu alfaiate em Nápoles – cidade com uma tradição única no mundo: quase todos os grandes alfaiates vieram de Nápoles. Um dos maiores era Mariano Rubinacci, que fazia roupas, por exemplo, para o presidente da Fiat, Gianni Agnelli, que vinha especialmente de Turim. Eu sempre fiz roupas com ele. E levei comigo o Victor Oliva, que tem um grande reconhecimento por mim.

GW: Quais foram as maiores festas do Gallery em sua avaliação?
UP: Uma delas não foi no Gallery… Aliás foi antes da inauguração oficial do Gallery, que ainda tinha muitas coisas por fazer. Eu explico. Na minha casa com a Vera dei uma festa para toda a sociedade de São Paulo, recebemos em jantar 400 pessoas, com a presença da Jazz Band, que iria se apre-sentar no Gallery, mas não estava nem pronta. À meia-noite em ponto, da nossa casa saiu uma procissão de centenas de carros. Chegamos ao Gallery e foi uma apoteose. Mas a maior noite do Gallery foi uma festa organizada por Eliana Selmi Dei, filha de Roberto, o rei do trigo, o magnata da farinha. Na época, Eliana era o carro-chefe da sociedade paulistana. Ela e todas as demais senhoras da alta sociedade se uniram para organizar uma festa que parou São Paulo. O Gallery explodiu. No clube-privê só se entrava de carteirinha. Foram uns 10 anos inacreditáveis. Duas festas por ano – uma, em dezembro, do Gugu e do Giancarlo, que faziam aniversário naquele mês. Outra, do Victor Oliva e do Pascowich, não me lembro o mês. E eu inventei a vitrine do Gallery. O Bardi emprestava coisas do Masp. Imagine que tivemos até As Duas Meninas do Renoir, do Masp. Na inauguração do Gallery tinha costumes do século 15 até hoje, incluindo o famoso manequim de Salvador Dali de dois metros de altura.

GW: Como você planeja seu dia a dia hoje?
UP: Não tenho programação nenhuma. Dirijo meu carro como um rapaz de 30 anos. Por sorte, minha cabeça está perfeita, em termos de raciocínio e reflexos. Ligo para meus amigos, e vamos almoçar e jantar. Muitas vezes, com minha ex-Vera. Temos um elo, a filha Maria, designer de interiores, que é um gênio em tudo o que faz e é uma das mulheres mais elegantes
que conheci. Fica chique com qualquer roupa.

GW: Você chegou aos 90 em plena forma, mas chegar aos 90 tem pelo menos um problema: a falta de contemporâneos… Como é isso pra você?
UP: De fato, isso me deixa meio deprimido… Vou pelo menos três vezes por ano para a minha terra. Fulano? Morreu. E beltrano? Morreu também. Ou “está nas últimas”…

GW: Para terminar, Ugo: você veio para o Brasil há quase 70 anos, saindo de uma Itália pós-guerra e chegando a uma São Paulo em vias de se transformar em metrópole…
UP: Uma época maravilhosa. A vida chique de São Paulo se concentrava na Rua Barão de Itapetininga, onde havia cafés onde a sociedade paulistana ia tomar chá de tarde. O Fasano ficava lá. Galerias de arte. Na Sete de Abril, sede do Diário, começou o Masp. Eu andava de ônibus maravilhosamente bem. Às vezes o único passageiro era eu. E o bonde!!

GW: Eu ia dizendo: você chegou em 1948. E já é brasileiro. Como o arquiteto Ugo vê esse novo Brasil em construção?
UP: Toda revolução tem uma consequência. Espero que esta de agora seja resolutiva. Dizem que aqui todo mundo é ladrão. Mas o modus vivendi no mundo inteiro sempre foi igual. Nunca uma grande empresa de construção, na Itália, na França, conseguiu fazer uma obra sem molhar a mão de políticos. Depois da Operação Mani Pulite, a roubalheira continuou na Itália. Aqui, abusaram. Eu nunca tinha ouvi-do falar em “bilhão”. Agora se ouve.

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Os pets conquistam as celebridades paulistanas

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Sabe aquele ditado segundo o qual o cão é o melhor amigo do homem? Para as três estrelas da nossa capa, essa máxima realmente se aplica. Fomos descobrir o que eles gostam de fazer junto com seus pets de estimação.

Por: Malu Bonetto

Henrique Fogaça e Granola

Parceria hardcore

Chef dos restaurantes Sal Gastronomia, Admiral´s Place, Cão Véio e Jamile, além de vocalista da banda hardcore Oitão, Henrique Fogaça ainda encontra tempo para apre-sentar o reality show MasterChef, da Band, onde é considerado o jurado mais rigoroso.

Apesar das tatuagens que o deixam com um visual de bad guy, Fogaça é a simpatia em pessoa e tem um lado doce, que pouca gente imagina. E basta falar sobre Granola, uma labradora que está com ele desde filhote, para esse lado cachorreiro vir logo à tona. “Sempre fui apaixonado por cachorro. Quando pequeno, tive um boxer chamado Zorro, depois um dobermann, um fox paulistinha, um dachshund e, há um ano e meio, estou com a Granola”, conta o chef, que optou por uma labradora por seu temperamento brincalhão, dócil e amável, principalmente com as crianças – ele é pai de um menino e duas meninas. “A Granola é muito parceira, é brusca e destrambelhada de uma maneira confortável, e, assim como eu, é amiga de todos. Todo dia aprendo algo com ela, é só ela fazer aquela carinha dela que me derreto todo.” Por conta da sua agenda atribulada, Fogaça optou por matricular a Granola no The Point Pet, um hotel administrado por Felipe Falasca, que conta com day care, adestramento e clínica veterinária. “Acho muito importante cachorro conviver com cachorro, lá a Granola tem os amiguinhos e o namorado. Mas quando estamos em casa, é a minha vez de dar toda a atenção para ela, ficamos no sofá e até dormimos juntos”, revela Henrique, que não descarta a possibilidade de ter mais um cachorro.


Ricardo Almeida, Spock e Sacha

Cheios de estilo

Um dos nomes mais importantes no cenário fashion brasileiro, o estilista Ricardo Almeida sempre gostou muito de bichos, em especial cachorros, por serem mais parceiros. Atualmente, ele tem quatro em casa: dois yorkshire e dois dobermann. “Quando morávamos em apartamento, meus filhos queriam ter cachorro e, em função do espaço, optamos pelos yorkshire. Depois que nos mudamos para esta casa, com mais espaço, pudemos ter raças maiores e optamos pelos dobermann porque são mais limpos, têm pelo curto, são bons guardiões, adoram os donos, são supercompanheiros e inteligentes”, diz, referindo-se ao Spoke – que tem dois anos e meio – e à Sacha– que tem dois anos e meio – e à Sacha– que trouxe há um ano da Argentina para fazer companhia ao macho. “Em casa, temos outros animais, que também gosto muito, mas os cães me chamam a atenção porque, mesmo nos dias em que não estamos bem, lá estão eles nos esperando felizes, com o rabinho abanando.”


Amaury Jr e Sofia

Pura classe

Conhecido por seus programas noturnos de entrevistas com celebridades e cobertura de festas e eventos, o jornalista e apresentador de televisão Amaury Jr sempre foi apaixonado por cachorros, principalmente pelos da raça golden retriever, que são dóceis e inteligentes. “O Otto, por exemplo, era muito musical. Ele me ajudou a selecionar as músicas do CD de trilhas sonoras do programa – quando abanava o rabo em determinada música, eu já sabia que tinha que incluir na seleção”, diz, referindo-se a seu fiel companheiro, que faleceu em 2016. Hoje, o único cachorro da casa é a Sofi a, que está com Amaury desde que nasceu, há sete anos. O apresentador adora passear com ela aos fins de semana na companhia de seus netos, Maria e Antônio. “Os cães são muito leais, carinhosos e têm amor espontâneo.” Sobre a possibilidade de ter outros cães, ele está pensando em um menor, talvez um spitz alemão, mais conhecido como lulu da Pomerânia.

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Quarenta anos realizando sonhos dourados

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Ela se formou em Medicina e chegou a atuar na área, mas a vocação falou mais alto e Laja Zylberman foi trabalhar como designer com a mãe na Sara Joias. Hoje celebrando os 40 anos da joalheria, a empresária carioca fala sobre sua trajetória e os modismos no universo das pedras preciosas.

Por: Cibele Carbone

A carioca Laja Zylberman sonhava em ser médica. Cursou faculdade, se formou, foi trabalhar em um estressante CTI – Centro de Tratamento Intensivo (ou UTI, como se diz em São Paulo) e sonhava em abrir um centro de diagnósticos. “Fui pedir auxílio financeiro à minha mãe, que propôs que eu trabalhasse com ela durante uns três meses antes de realizar esse projeto. O período foi suficiente para eu perceber que ela tinha razão – minha verdadeira vocação estava na joalheria e não na Medicina”, conta Laja sobre o modo como ingressou na Sara Joias, joalheria fundada em 1977 pela mãe, Sara Zilberman – sim, com i em vez de y –, no Rio de Janeiro. Completando 40 anos de história, a Sara Joias atualmente, está sob o comando de Laja – que é a responsável pelo design das peças desde quando começou a trabalhar lá, aos vinte e poucos anos –, e de seu irmão, David Zilberman. Tem lojas no Rio, São Paulo e Porto Alegre.

GW: Sua mãe fundou a Sara Joias em 1977. Que lembrança tem dessa fase, do início da joalheria?
LZ: Eu lembro que desde o início tivemos muito êxito. Um belo dia, minha mãe jogou um punhado de pedras pre-ciosas na minha frente e disse “desenha!”. Fiz o que eu mais gosto de fazer, que são brincos – alguns pares longos, outros de um lado só, bem à moda dos anos 1970. Eram brincos completamente diferentes, que foram um enorme sucesso. Recordo que um dos primeiros modelos era em forma de estrela, da qual pendia um maço de correntes com pequenos brilhantes entremeados e nas pontas. Na outra orelha, o par era apenas uma estrela.

GW: Onde busca inspiração para a criação das peças?
LZ: A inspiração vem do nada. Às vezes, estou andando pela rua e, de repente, tenho a ideia de um desenho para uma joia. Tanto que nos supermercados, nos restaurantes, em qualquer lugar, sempre tenho um caderno à mão ou arrumo um guardanapo. Vou desenhando porque as ideias são tantas que não consigo lembrar de todas elas. Qualquer coisa me inspira, mas meu foco é mostrar que a arte da joalheria não é algo superficial, ela se compõe de um es-tudo aprofundado dos temas que escolho – como fiz com Shakespeare, o cinema de Hitchcock, Pop Art, entre outros. Sempre faço joias com algo a dizer. Não quero ser uma pessoa como todo mundo, gosto de ser avant garde e me expressar de uma forma diferente.

GW: O que mais te encanta no mundo das joias?
LZ: É a precisão de todo o processo artístico e a forma com que busco essa precisão, que leva ao aperfeiçoamento na arte e na vida. E eu não faço isso sozinha, os ourives que trabalham comigo também se aperfeiçoam e melhoram a cada peça, a cada acabamento. O resultado é a constatação de que a finalidade desse trabalho não é só o dinheiro, pois o trabalho nos permite vivenciar esse processo evolutivo em que ficamos felizes com nosso próprio cresci-mento.

GW: A Sara Joias é uma empresa que nasceu no Rio de Janeiro e demorou um bom tempo para abrir sua boutique em São Paulo. Por quê?
LZ: Fomos formando uma clientela a partir de paulistanos que viajavam para o Rio de Janeiro e conheciam a loja, compravam joias. Como somos uma empresa familiar e não tínhamos tantos braços, ficamos assim por muito tempo. Porém, a demanda foi aumentando ao longo dos anos, o que nos levou a decidir abrir loja em São Paulo. Da mesma forma, abrimos loja em Porto Alegre também.

GW: Há diferença entre as consumidoras de joias de São Paulo e Rio? Algum tipo de joia faz mais sucesso numa cidade do que na outra?
LZ: Cada lugar tem suas manias e suas modas, que são completamente diferentes. Mas nunca tive necessidade de adaptação ou de fazer coleções específicas para as lojas em cada cidade, pois as joias que faço são ecléticas e atemporais, por isso atendem a todos os gostos.

GW: O índice de violência no Rio e em São Paulo está muito alto. Esse quadro afetou o hábito das mulheres de comprarem e usarem joias?
LZ: Não sinto isso… Acho que a mulher não pensa duas vezes em estar linda para uma ocasião especial. Ela pode até evitar exibir joias em alguns momentos, mas, quando quer estar produzida, ela não se amedronta.

GW: As tendências de moda mudam o tempo inteiro. Com a joalheria também é assim, existe um modismo?
LZ: Existem modismos, sim. Já lançamos aqui ouro branco, ouro amarelo, ouro rosa e negro, tudo isso foi moda em algum momento.

GW: E você: é adepta dos modismos ou prefere os clássicos?
LZ: Eu sou adepta da avant garde. Gosto de tudo que é de vanguarda. Gosto de lançar moda!

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O grande salto de Thiago Soares

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Primeiro-bailarino do Royal Ballet de Londres, o brasileiro Thiago Soares, que já passou pelas principais companhias de dança do mundo, é sucesso absoluto nos palcos. Com uma trajetória de vida espetacular, permeada por muita superação, o próximo passo do bailarino serão próximo passo do bailarino serão de retratar sua história num documentário e num longa.

Por: Malu Bonetto

Ainda muito jovem, Thiago Soares, incentivado pela família, encontrou no hip hop e, posteriormente, no balé, uma maneira de ocupar o tempo livre entre as aulas da escola que frequentava, no bairro de Vila Isabel, no Rio de Janeiro. Naquela época, jamais imaginaria que iria superar diversos obstáculos e se tornaria um dos principais bailarinos do mundo. Aos 21 anos, ele ingressou no corpo de dança do Balé Kirov e, já no ano seguinte, migrou para o Royal Ballet de Londres, onde se tornou – aos 23 anos – o primeiro-bailarino da companhia, posto que ocupa até hoje. Aos 36 anos, Thiago vai ser tema de um documentário, produzido por Alice Braga, para o canal HBO, sobre sua última passagem pelo Brasil, em janeiro, quando veio se apresentar nos espetáculos Roots e O Quebra–Nozes. E, no ano que vem, começam as filmagens do longa-metragem dirigido por Marcos Schechtman, que vai contar a história da vida do bailarino.

GW: Seu primeiro contato com a dança foi aos 12 anos, em um grupo de street dance. O que levou você até lá?
TS: Apesar de ter nascido em Niterói, estudava em um colégio em Vila Isabel, e minha mãe queria que eu tivesse uma atividade extra para não ficar vagando pelas ruas depois da aula. Meu irmão era amigo do Ugo Alexandre, coreógrafo do grupo Jazz de Rua, e resolvi conhecer o pessoal. Na época, eu era uma espécie de mascote, ficava assistindo aos ensaios. Com o passar dos dias, fui pedindo para treinar e logo integrei o grupo.

GW: E quando decidiu migrar para o balé?
TS: Quando eu tinha 14 anos, o Hugo me sugeriu aprimorar meus passos de street dance nas aulas de balé. Não sabia direito o que era o balé, mas resolvi seguir seu conselho. Comecei e me apaixonei. Mas só adotei a dança como profissão quando comecei a ganhar dinheiro, no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, aos 18 anos.

GW: Teve de enfrentar preconceito por causa da sua escolha? Aliás, ainda existe preconceito hoje em dia?
TS: Não sofri preconceito e, sinceramente, se sofri, nem senti isso. Sabemos que hoje existe preconceito com tudo e que isso aumentou muito. Mas venho de uma geração que zoação era zoação e não bullying… Quando comecei a estudar balé, meus amigos do colégio tiravam sarro, mas não vi como bullying, mesmo porque, em uma turma de 60 alunos, apenas um fazia balé, então era normal os outros acharem diferente. Claro que tinha momentos de vergonha, mas nunca me afetaram.

GW: Em pouco tempo, você foi convidado para fazer parte do elenco de espetáculos incríveis, como O Quebra-Nozes e O Lago dos Cisnes. A que atribui a rápida velocidade com que tudo aconteceu?
TS: Aos 17 anos, conquistei medalha de prata no Concurso Internacional de Ballet de Paris, ingressei no corpo de baile do Teatro Municipal do Rio de Janeiro e logo surgiu o convite para ser protagonista de alguns espetáculos. Minha trajetória foi meio relâmpago. Entrei na dança num momento em que já tinha minhas opiniões e minha personalidade formada, então só precisava me dedicar à dança… Acho que, para mim, isso foi essencial para tudo fluir naturalmente.

GW: Aos 21 anos, você conquistou uma vaga de estágio no Balé Kirov, tornando-se o segundo estrangeiro a integrar a companhia em 100 anos de história. Qual a responsabilidade desse convite?
TS: Na época, eu era uma esponja, aceitava e assimilava tudo. Quando recebi o convite de estágio no Balé Kirov, que sempre foi referência no balé, não tinha opção de não ir! Isso era tão incrível que nem pensava na responsabilidade, focava no que queria aprender.

GW: E como foi parar no Royal Ballet de Londres?
TS: Depois do estágio no Kirov, queria uma companhia que pudesse me expressar como “Thiago” e não ser cópia de um bailarino russo. Queria ser eu mesmo, ter uma casa, me desenvolver… Fiz o pedido da audição e passei.

GW: Verdade que sugeriram que operasse o nariz para ficar com traços mais europeus?
TS: Uma pessoa querida, que sempre desejou o melhor para mim, achava que eu ia ter dificuldade em papéis aristocráticos por causa dos traços latinos. Até pensei na sugestão, mas, no fundo, uma voz me disse que, se eu tivesse que conquistar esses trabalhos, iria fazer independentemente da minha cor, meu tamanho e meu nariz largo. E consegui fazer todos os papéis sem mudar minha identidade. Eu me tornei um artista internacional em um mundo que está mudando para melhor, espero, e que tem mais aceitação.

GW: Imaginava que seria o brasileiro mais importante no mundo da dança?
TS: Confesso que nem sei se sou o mais importante… Eu me considero um artista vítima da minha arte, e se minha história é relevante para os outros, se tem importância, fico feliz, porque é para isso que trabalho. Gosto de ser elogiado, receber aplausos, lógico, mas não me vicio nisso porque estou sempre pensando no próximo trabalho.

GW: Os brasileiros estão se interessando mais pela dança?
TS: Sem dúvida. No Brasil, a dança evoluiu muito, mas ainda falta organizar os muitos talentos que temos. As escolas de dança e patrocinadores precisam se tornar o trampolim para esses artistas e coreógrafos se tornarem estrelas. Tive muita sorte em encontrar pessoas que me apoiaram e acreditaram em mim, também tive professores que falaram as coisas certas nos momentos certos.

GW: Você completou 17 anos de carreira internacional. O que viu mudar no cenário do balé nesse período?
TS: A dança evoluiu muito, o balé se inspirou na competição típica do esporte, os bailarinos estão sempre em busca de melhores giros, se aperfeiçoando e, pela evolução física, isso é muito importante.

GW: Quando jovem, em quem você se inspirava?
TS: Tive vários bailarinos de que fui e sou fã no Brasil, como o Alan Farinelli e o Rodrigo Necas. Pelo mundo, sem dúvida, Carlos Costa, com quem já dancei, Manuel Carrenho, Mikhail Baryshnikov.

GW: O que você faz nas horas vagas?
TS: No domingo, que é meu único dia de folga, fico vendo televisão com pé para cima. Preciso exercer meu lado real, meu lado Thiago, mesmo porque meu trabalho me leva para papéis de príncipe, e sinto a necessidade de me colocar no meu lugar comum.

GW: Sua história é tão inspiradora que vai virar filme. Como está a produção?
TS: O convite do diretor Marcos Schechtman surgiu depois de uma entrevista que dei ao Roberto d´Ávila. Precisei amadurecer a ideia, já que minha trajetória é muito delicada e específica, porque relata o mundo e o universo da dança, que é pouco conhecido. Estou na fase de conversar sobre o filme com o Schechtman, ainda nem sei quem vai me interpretar, mas posso adiantar que estamos conversando com um ator que conheço pessoalmente, é relativamente jovem e bem famoso no Brasil. Estamos buscando alguém que aceite o processo de aprender a dançar.

GW: Este ano você vai estrelar o documentário que mostra seu dia a dia e preparação antes do Roots e do Quebra-Nozes, que apresentou aqui no Brasil. Como surgiu a ideia?
TS: O roteirista e diretor Felipe Braga e a atriz Alice Braga queriam retratar esses bastidores. Quando somos artistas, queremos ser lembrados, no meu caso, por um passo, um movimento, e me sinto feliz e honrado de saber que, além da arte, minha vida também inspira as pessoas.

GW: A gente ainda vai te ver dançando no Brasil este ano?
TS: Farei duas apresentações no Brasil: uma em São Paulo e outra, pela primeira vez, no Paraná, com Roots, que tem um valor sentimental muito grande porque danço balé e hip hop. Mas ainda não tenho as datas fechadas.

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